sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

PERECÍVEL

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Nem tudo é para se dizer nesse mundo,

Existem coisas que devem permanecer ocultas.

Caminho adentrando vertigens de nostalgias

Como se percorresse

O caminho de minha morte anunciada.

Como se fosse entrar em um estado de

Absoluto esquecimento.

Não existe morte!

Existe esquecimento.

Que são os versos,

Se não passagens do esquecimento?

O vento passa e arrasta as lembranças

Como os rastros das estradas.

Procuro o não-lugar,

Longe do segredo que oculta

A graça da recordação.

Quando se morre,

Começa o esquecimento.

Esqueço de quem fui.

Esquecem o que fiz.

Esqueço de quem fez.

Comungo com os sais minerais

Em um nivarna microscópico,

Entornando o húmus

Que irá alimentar a vida

Dos que ficam.

Aqueles que não lembro mais.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

VINGANÇA DA PENA


Nunca esperava encontrar algo,

Justo no momento

Em que tudo estava perdido.

Não estava mais na ativa,

Sentia-me um poeta de nada.

A pena resoluta em seu silêncio,

Nunca mais sorriu.

Forçá-la era esforço em vão.

Conformei-me com tal situação,

Pois, o que um não quer,

Dois nunca farão.

Mas eis que por coincidência,

Ela resolve abandonar seu silêncio,

Sair de sua inércia,

E dançar pelo salão da pauta

Em uma brochura tão clara,

Quanto o plenilúnio de março.

Dançava como uma deusa

E disse-me ao pé do ouvido:

Coisa mais certa nessa vida,

É o acaso.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

EDGAR


Poeta!
Observa as estrelas
Polvilhadas em um céu infindo.
Tal qual os flocos de neve dos anos
Que desponta em sua vasta cabeleira.
Quem diria?
Você futuro de ontem, passado do futuro,
Ausente no presente.
Há poeta!
Quantos endereços?
Quantas culturas?
Quantos amores platônicos?
A cornucópia dos iletrados
Escarnece de seu ofício,
Suas pífias letras, obsoletos versos
E um vasto coração.
Lastro do moderno e do antigo
Mergulhado com sutilezas, safadezas,
Destrezas e tristeza que estava
Selado,
Script ensaiado
Nas linhas de suas mãos.
O gato que ri de Alice,
Já foi preto e tinha uma forca desenhada no pescoço.
O contista foi encontrado morto no esgoto.
Até hoje ouço o seu corvo,
Que era o mesmo de Berger.
Ele gritava:
Nunca mais!
Nunca mais!
Nunca mais!

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