05h40min – Rodoviária vazia, duas pessoas conversam
tranquilamente no ponto de taxi contíguo a rodoviária. Um funcionário,
possivelmente o motorista, cruza sobre o piso bem conservado e limpo da pequena
rodoviária.
Após quinze minutos, chega uma senhora que contava
mais de sessenta anos, seguida de outra senhora que aparentava vinte anos
menos.
Transcorridos mais cinco minutos, o fluxo aumenta
exponencialmente com a chegada de mais cinco pessoas.
Um senhor calvo que lembrava o conselheiro Acácio de
“O primo Basílio” senta-se ao meu lado, porém no sentido oposto, ficando de
costas para mim nos plásticos bancos da rodoviária de Itaporã.
Enquanto reparava nesses detalhes da rodoviária, o
motorista chega ao seu bom e velho ônibus e abre a porta do mesmo através de
uma alavanca localizada na parte frontal externa do veículo.
Acionando o motor do coletivo todos os ocupantes da
rodoviária itaporaense colocam-se em prontidão para adentrar a tão desejada
carruagem que os levará ao mundo dourado, ou, pelo menos, a cidade de Dourados.
O motorista pausadamente remexe na bolsa estilo “leva
tudo” e finge não ver a ansiedade dos futuros ocupantes de seu ônibus vazio.
Era quase possível ver um sorriso de canto de boca formando em seus lábios.
Após contar e recontar por mais de três vezes a
pecúnia que será usada como troco, ele autoriza com um discreto aceno os passageiros
embarcarem.
Risos e lágrimas dos transeuntes que transformam-se
em passageiros em mais um dia útil de Itacity.
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